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O que o vinho pode ensinar à gestão?

Lembro-me de um encontro com o mestre Peter Drucker em que ele me aconselhou a reservar tempo e energia para o estudo de temas variados, mesmo aparentemente distantes do universo da administração e dos negócios.

Levei a sério a recomendação e passei a me dedicar a assuntos como a filosofia e a enologia.

Não me tornei um super especialista no complexo universo dos vinhos, mas posso dizer que aprendi um pouco sobre esta antiga e fascinante atividade, surgida na aurora da civilização.

O estudo dos vinhos reúne diversos ramos do conhecimento, como a geologia, a botânica, a climatologia, a física, a química, a estatística, a medicina, a psicologia, a antropologia e segmentos derivados da economia, como marketing e vendas.

No decorrer da história, os vinhos patrocinaram espetaculares empreendimentos e também ritos de conciliação. Ajudaram na busca de entendimentos e na construção de acordos comerciais.

Alguns dos primeiros empreendedores do mundo se dedicaram justamente a produzir vinhos, utilizando a natureza como aliada na geração de negócios lucrativos.

O Brasil de hoje nos oferece mais um magnífico exemplo de como a enologia pode colaborar no fortalecimento de uma cultura empreendedora, marcada pela inovação nos métodos de gestão.

Há tempos, a Serra Gaúcha é a referência quando falamos de vinhos nacionais. O Rio Grande do Sul produziu 48,6 milhões de litros de vinhos finos em 2012. Hoje, no entanto, assistimos à ascensão de um novo pólo produtor.

Estima-se que no Vale do São Francisco, no Nordeste, com temperatura média de 27ºC e picos de 40ºC, a produção anual chegue a 10 milhões de litros da bebida.

No solo do sertão, mesmo no clima semiárido, os produtores são capazes de obter duas safras anuais. Numa reportagem recente do UOL, a Miolo informa que as uvas brancas se adaptaram muito bem à região.

A empresa mantém a Vinícola Ouro Verde, em Casa Nova, na Bahia. Seus vinhedos ocupam 200 hectares e produzem anualmente 2 milhões de litros de vinhos e espumantes. Até 2018, a proposta é cultivar 400 hectares e produzir 5 milhões de litros.

Há pouco mais de dez anos, o grupo português Dão Sul criou a Vinícola Santa Maria, em Lagoa Grande, em Pernambuco. O sucesso da empresa, que mantém uma área de plantio de 200 hectares, tem origem num sistema especial de irrigação, desenvolvido com tecnologia israelense.

Neste caso, colhemos mais um exemplo de como a gestão focada na mudança pode oferecer formidáveis soluções no campo dos negócios. Com tecnologia e processos industriais adequados podemos hoje superar os obstáculos impostos pelo ambiente.

O conceito pode ser aplicado aos mais diferentes desafios no mundo corporativo. Vontade, ciência e reinvenção de métodos organizacionais podem transformar uma grande dificuldade em uma tremenda oportunidade.

Portanto, convém prestar atenção à lição do vinho. Afinal, a teoria, na prática, funciona!


Contatos através do e-mail: julio@carlosjulio.com.br
Site: www.carlosjulio.com.br

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