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O jeitinho brasileiro ainda é o paradigma?

Há mais de uma década, quando lancei meu primeiro livro, Reinventando Você, procurei discutir um conceito importante em nossa cultura, aquele do “ jeitinho brasileiro ”.

Sim, esse jeito pode ter um lado positivo. É quando fazemos muito com pouco, é quando resolvemos problemas complexos de maneira bem prática. É quando utilizamos a criatividade para superar obstáculos.

Há, no entanto, uma dimensão nefasta do jeitinho brasileiro. É aquela ligada ao empurrar com a barriga, ao fazer sem qualidade, ao eleger o provisório como definitivo, ao enganar o outro, como na famigerada Lei de Gerson, na qual “o importante é levar vantagem em tudo”.

Estamos às portas da Copa do Mundo. Temos de elogiar milhares de brasileiros que cumpriram suas metas, seja construindo estádios ou pontes, seja desenvolvendo projetos de marketing e propaganda.

Há outros, no entanto, que merecem uma dura reprimenda. É o caso daqueles envolvidos no projeto da bela Curitiba, ameaçada de não figurar entre as sedes do torneio.

Ora, por que, afinal, deixamos tudo para a última hora? Por que será que, aqui e ali, alguns ainda têm essa dificuldade em cumprir cronogramas, seguir planos orçamentários e agir com transparência em seus ofícios?

Planejamento é sempre importante. E é fundamental que o roteiro de atividades seja refeito com frequência. No caso de obras dessa natureza, é natural que correções sejam realizadas no curto prazo.

No caso presente, as falhas são do poder público e também das empresas privadas que assumiram essas obras. Portanto, é o brasileiro que precisa ainda se aprimorar.

A Copa está mostrando o melhor do Brasil, em muitas áreas. Mas também oferece péssimos exemplos no campo da gestão.

Com certeza, costumes arraigados não são alterados da noite para o dia. Nosso paradigma no campo da produção e do comércio ainda depende, em parte, das invenções de última hora, do lado ruim do jeitinho brasileiro.

Se tudo é aprendizado, os acertos e erros da Copa podem nos alertar para as áreas nas quais precisamos urgentemente nos aprimorar.

É necessários que saibamos contar recursos e prazos, e que respeitemos a Matemática. É fundamental que saibamos restringir o jeitinho ao algo mais inventivo, naquilo que dá charme e elegância a nossas obras.

Pensemos todos nisso.
Afinal, a teoria, na prática, funciona!


Contatos através do e-mail: julio@carlosjulio.com.br
Site: www.carlosjulio.com.br

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