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Gestão da informação: como evitar a loura do banheiro?

Na minha juventude, não havia Internet ou mensagem de texto por celular. Mesmo assim, os boatos se espalhavam rapidamente.

Uma dessas lendas urbanas se alastrou por muitas cidades brasileiras, prejudicando tremendamente os negócios dos promotores de bailes e também dos donos de casas noturnas.

A história se modificava aqui e ali, mas mantinha uma base narrativa destinada a provocar medo nos jovens.

Segundo a lenda, uma bela moça loura havia morrido num banheiro. Inconformada com seu fim prematuro, vingava-se assombrando os incautos que arriscavam fazer uso do toalete.

Em quase todos os relatos, diziam que podia ser identificada pelos tufos de algodão que tinha nas narinas e nos ouvidos.

Nas noites de eventos, verdadeiros tumultos ocorreram depois que um engraçadinho oportunista gritou para acusar a presença da sedutora fantasma.

Em alguns clubes, no entanto, nada ocorreu. Os organizadores divulgaram massivamente a informação de que se tratava de uma brincadeira pega-trouxa. Além disso, postaram seguranças na porta dos sanitários, garantindo tranquilidade aos usuários.

Neste fim de semana, entretanto, vimos como o efeito “loura no banheiro” ainda pode botar um país inteiro em polvorosa.

No boca-a-boca, disseminou-se a falsa notícia de que o governo federal acabaria com o Bolsa Família. A informação causou tumultos em pelo menos 13 Estados.

Foi enorme a confusão nas agências da Caixa, com empurra-empurra, gritos e gente passando mal. Segundo o banco, 900 mil benefícios foram sacados no fim de semana.

Caberá à Polícia Federal investigar o caso e determinar se a farsa tem mesmo origem criminosa e, neste caso, identificar seus autores.

O ocorrido, porém, mostra que grandes empresas e governos necessitam, hoje, contar com eficientes sistemas de gestão da informação, capazes de operar também em situações de emergência.

No fim da tarde de segunda-feira, ainda havia gente desesperada, especialmente em pequenas cidades das regiões Norte e Nordeste, lamentando o fim do programa.

Coincidentemente, nesta abertura de semana, os telejornais destacaram que o presidente norte-americano, Barack Obama, está sendo fustigado por conta de um problema na gestão de informações.

Ali, a questão é mais complexa. Refere-se a investigações da IRS (Receita Federal norte-americana) com foco em grupos políticos conservadores que solicitavam isenção de impostos.

Obama alegou não ter sido informado sobre o interesse específico dos investigadores do fisco. Mas, afinal, não sabia de nada ou não sabia de tudo? Devia ou não saber?

Antes, o presidente democrata já vinha sendo criticado por conta de escutas de jornalistas da agência Associated Press, realizadas pelo Departamento de Defesa.

Lamentavelmente, muitos gestores, públicos e privados, ainda acreditam que não precisam se preocupar demasiadamente com assuntos nos campos da comunicação e da gestão de informação.

Delegam essas funções de controle e, muitas vezes, pouco se interessam pelas ocorrências nessa área. Sem dúvida, cometem um grave erro.

Nos dias atuais, organizações e agrupamentos humanos somente são bem geridos quando existe pleno conhecimento dos cenários de atuação, expostos em dados, números e fatos.

As pessoas, sejam elas colaboradores corporativos ou simples cidadãos, também necessitam do mesmo conteúdo elucidativo. Sem conhecimento, como esperar que mantenham a confiança em seus líderes?

Portanto, se a ordem é estabelecer uma postura responsável na relação com o público-alvo, os gestores precisam fazer com que a informação relevante seja acessível, clara, objetiva e verdadeira.

Esse padrão vale para o governo norte-americano, para o governo brasileiro, para as instituições financeiras e também para quem gere um pequeno negócio.

Hoje, fornecedores, investidores, colaboradores, clientes e membros da comunidade converteram-se em parceiros que exigem informação limpa e transparente.

Portanto, antecipe-se ao boato e evite a loura no banheiro. Faça sua boa história e conte-a de forma criativa e honesta. Afinal, a teoria, na prática, funciona!

Contatos através do e-mail: julio@carlosjulio.com.br
Site: www.carlosjulio.com.br

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