Colunista

Como as bactérias podem ajudar a gestão?

Alguns executivos já aprenderam que gerir é, em síntese, gerir a mudança. Pouca gente, no entanto, já sabe como gerir os projetos de inovação que precedem a mudança.

Para certa parcela dos gestores, a meta é introduzir em suas empresas modelos de produção, distribuição e comercialização que já foram testados e aprovados em outras organizações.

Não deixa de ser uma conduta marcada pela prudência. A chance de se cometer erros se reduz consideravelmente.

Essa postura conservadora, no entanto, impede o aproveitamento das oportunidades geradas pelos processos inovadores. Na história da atividade empreendedora, o pioneirismo sempre proporcionou grandes vantagens competitivas.

Hoje, muita gente reclama (com razão) dos custos da produção. Não por acaso, o Brasil testemunha uma grande mobilização dos empresários em favor da redução das contas de energia elétrica.

Um olhar cuidadoso sobre a produção científica atual, porém, mostra que nunca foram desenvolvidas tantas pesquisas sobre fontes alternativas de energia.

Por conta da difusão do conhecimento, universidades e institutos do mundo inteiro estão obtendo rápidos progressos nesse campo.

Para muitas mentes curiosas e inquietas, falta apenas vontade política para que aposentemos as minas de carvão, as refinarias de petróleo e as usinas atômicas.

Um desses insurgentes é o Dr. Bruce E. Logan, professor de engenharia ambiental da Pennsylvania State University.

Pensador holístico, ele frequenta as páginas de jornais e revistas do mundo todo. Logan advoga a prática de uma pesquisa científica destinada a atender as necessidades humanas, especialmente nos campos ambiental e econômico.

Suas maiores descobertas, noticiadas recentemente na grande mídia internacional, têm relação com produção biológica de hidrogênio.

Segue um exemplo. Segundo Logan, uma quantidade mínima de sal pode fornecer o que as células de eletrólise microbiana precisam para produzir hidrogênio a partir de águas residuais ou de subprodutos orgânicos, sem emissão de dióxido de carbono para a atmosfera e sem a necessidade de uso adicional de energia elétrica.

“O sistema funcionará onde houver água residual perto do mar”, afirma o cientista. “É uma inesgotável fonte de energia”.

Os engenheiros da Penn University afirmam que é perfeitamente possível usar bactérias para converter matéria orgânica em eletricidade.

Até pouco tempo atrás, elementos químicos tóxicos eram necessários para induzir essa reação. Recentemente, esses problemas foram tecnicamente superados.

De acordo com Logan, os avanços no segmento podem estabelecer um modelo para a produção ilimitada de hidrogênio. Tudo depende apenas da disponibilidade de água do mar e matéria orgânica biodegradável.

Ficção científica? Parece. Segundo os cientistas, no entanto, os micróbios serão nossos principais aliados na produção de energia limpa e ilimitada.

Esses progressos fortalecem os projetos energéticos que focam no uso do hidrogênio, cuja produção foi sempre considerada cara, trabalhosa e inviável.

O Departamento de Energia dos Estados Unidos tem apoiado a pesquisa relativa à produção de hidrogênio e já trabalha na criação de metodologias para a gestão desses sistemas alternativos.

No campo do marketing e da propaganda, as agências do governo norte-americano incentivam empresas e pessoas a investirem na produção de hidrogênio.

Desde 2008, a Honda produz o modelo FCX Clarity, carro movido a hidrogênio e que não produz resíduos poluentes resultantes da queima de combustível.

Unidades já rodam no Japão, na Europa e nos Estados Unidos, mais especificamente na Califórnia. O maior problema ainda é o número reduzidíssimo de estações de reabastecimento.

A revolução, no entanto, está em curso. Quem vai aproveitar as oportunidades? Quem vai ganhar as vantagens do pioneirismo? O mundo agora se transforma em velocidade muito maior. E convém que você preste atenção ao que vem por aí. Em breve, as bactérias podem mudar a cara do seu negócio.

Afinal, a teoria, na prática, funciona!

Contatos através do e-mail: julio@carlosjulio.com.br
Site: www.carlosjulio.com.br

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